Resenha do livro Porque eu amei - Roque Neto
Quando eu vi a capa do livro “Porque eu amei” pela primeira vez, pensei: Ih, vem polêmica por aí. Quando li a sinopse, tive certeza; mas quando li o livro... Fiquei chocada! Sério, eu estava pronta para uma leitura mais suave, mais romântica, mais melosa... No entanto, o livro é pra lá de realista! Apesar de o Padre José Lucas ser um personagem fictício, o autor não nos poupou da realidade nua e crua que acontece, em alguns casos, dentro da comunidade católica.
O que Roque Neto nos mostra no livro em questões de homossexualismo, quebra do celibato sacerdotal, não é novidade. Mas o que torna a leitura do livro em algo chocante é acompanhar minuciosamente os dois lados da vida de José Lucas: O homem respeitado, amado, e de batina. E o homem que sai de jeans e camiseta para um encontro amoroso com outro homem.
O Padre José Lucas conheceu o irlandês Thomas através da internet, em um site de relacionamentos. Eles marcaram um encontro e a partir de então passaram a se ver regularmente. O relacionamento dos dois é meio conflituoso, apesar deles se darem bem logo de imediato e viverem uma grande paixão, os encontros se resumiam a algo mais físico. Não havia um diálogo mais aberto e um pouco sabia da vida do outro. Lucas manteve sua máscara constantemente, sem revelar ao parceiro sua verdadeira identidade.
Isso era algo que me deixava frustrada enquanto lia o livro. Havia muita omissão no relacionamento dele com as pessoas. Nem sua mãe, nem o irmão, nem o bispo que vivia com ele, Dom Castelletti, sabiam de sua verdadeira identidade.
Depois comecei a me questionar sobre quão desvelados somos com as pessoas que nos cercam... Todos temos nossos segredos. Mas se tratando de omissões tão graves assim, resta saber até quando podemos as suportar. E Padre Lucas era assim, alguém que por pensar nas consequências, vivia em seu mundo omisso, mas ciente que sua vida era uma representação.
O desfecho da história foi muito interessante, trouxe muita relexão. É um livro cuja história é propícia a um bom debate, não apenas sobre homossexualismo, celibato sacerdotal, que foram os principais temas da obra, mas podemos por em questão alguns valores adotados pela sociedade, pela família, a importância do diálogo para que a família não exerça um controle autoritário e manipulador sobre os filhos.
O autor foi, sem dúvida, muito corajoso em tratar de um tema tão polêmico e ao mesmo tempo o fez de forma concisa e esclarecedora, nos proporcionando momentos para uma análise da realidade que nos cerca.
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