Resenha sobre o livro O cavaleiro de bronze


Que livro maravilhoso!

Que história forte!

Eu me deparei com esse livro por acaso em um grupo de sugestões de livros e comecei a ler imediatamente. Ainda bem! Fazia tempo que eu não ficava tão viciada em uma história. 

Essa resenha terá spoilers, não tem jeito! Porque eu preciso deixar registrado aqui detalhes importantes. 

Tatiana é uma jovem de 16 anos (prestes a completar 17) que vive em Leningrado (atual São Petersburgo) com sua família em um prédio comunitário. 

A história se passa durante o cerco de Leningrado, durante a Segunda Guerra Mundial, quando o exército alemão isolou a cidade. Então, o marco histórico é o conflito entre a Alemanha Nazista e a União Soviética.  

Porém, no início da história em O cavaleiro de bronze, esse cerco ainda não havia acontecido e Tatiana era uma jovem espirituosa e feliz. 

Certo dia, quando passeava pela cidade (enquanto deveria estar fazendo as compras que o seu pai pediu) e planejava visitar sua prima, Marina, Tatiana decide deixar o ônibus passar quando avista um homem vendendo sorvete. Ela resolve esperar por outro ônibus, enquanto se senta em um banco e se delicia com o seu sorvete. Mas logo ela percebe que, do outro lado da rua, um soldado a observa. Ver soldados nas ruas era muito comum na época da guerra, mas aquele, em especial, também chamou a atenção de Tatiana. Ele se aproxima, tenta puxar conversa, mas Tatiana fica tão atônita com a beleza dele que não consegue conversar naturalmente. 

Ela sobe no próximo ônibus que aparece, sem nem saber ao certo para onde vai. Ele sobe com ela, fica ao seu lado e Tatiana, sem querer descer do ônibus para não perder "seu soldado" para sempre, apenas deixa ser levada sem destino. Até que eles chegam ao terminal. É engraçado. O soldado ri e desiste de tentar fingir que não estão interessados um no outro. 

Depois de alguma conversa e de ajudá-la com as compras, ele decide levar Tatiana para casa. E, ao chegar em casa, toda alegria de Tatiana se esvai ao descobrir que o "seu soldado", Alexander, é na verdade o atual namorado da sua irmã mais velha, Dasha. Uma triste ironia do destino. 

Dasha fica toda feliz ao ver Alexander, pois acreditou que ele tinha ido até lá para finalmente conhecer seus pais e oficializar o namoro. 

É importante mencionar que quando Alexander e Tatiana estavam a caminho da casa dela, eles encontraram Dimitri, um soldado amigo do Alexander e que acabou acompanhando-os também até a casa da garota. 

Agora vou fazer um breve resumo da situação para que vocês possam entender.

Alexander ficou encantado com Tatiana, podemos dizer que foi amor à primeira vista, como assim chamamos nos romances. Porém, ele não se afasta de Dasha e deixa-a pensar que ele realmente quer oficializar o namoro com ela. Por quê? Aí vem o dilema da história.

Tatiana é muito jovem. Alexander é, na verdade, um oficial do exército e tem 22 anos. A família não aprovaria que ele deixasse a irmã mais velha, que tem 24 anos, para ficar com a mais jovem, que completaria 17 no dia seguinte após conhecê-lo.

E o segundo motivo, e mais importante, é seguinte: Dimitri é o que podemos chamar de amigo da onça. Ele conheceu Alexander quando ainda eram muito jovens. Sabe sobre o passado de Alexander, que esconde algo que pode fazê-lo perder todo o prestígio militar e acabar até mesmo sendo executado. Dimitri era amigo de Alexander na juventude, mas quando viu o amigo subir na carreira e ser prestigiado, encheu-se de inveja e passou a ameaçar Alexander, passou a cobiçar tudo que era dele, inclusive as mulheres. Então, Alexander resolveu continuar o namoro com Dasha para que Dimitri pensasse que Tatiana não era importante para ele e deixasse-a em paz. 

O problema para mim, que não consegui gostar muito do Alexander no começo do livro, foi que ele "fingiu" bem demais esse namoro com Dasha. Às vezes eu até me questionava se ele amava mesmo Tatiana.

Tatiana é uma personagem maravilhosa. Ela amava Alexander, mas amava a irmã mais ainda e não queria magoá-la. Alexander todas as noites ia buscar Tatiana no trabalho e eles passavam um tempo juntos antes dele levá-la para casa. Ele a deixava três quarteirões antes, para que ninguém pudesse vê-los. E até esse momento não era uma "traição", porque eles apenas conversavam. Só que, como o sentimento de ambos estava óbvio, Tatiana se sentia culpada e não queria mais ver Alexander, porém não tinha forças para dispensá-lo e foi se convencendo de que apenas conversar com ele não fazia mal a ninguém. E como Dimitri não saía de coma deles, ela fingiu namorá-lo. Só que o namoro dela com Dimitri era totalmente inocente, eles nem se beijavam. Ela alegava ser muito nova e ele meio que respeitava isso.  

O Alexander para mim teve altos e baixos. Certa vez, Tatiana viajou até uma cidade que estava constantemente sob ataque dos alemães para tentar encontrar o irmão gêmeo dela que estava desaparecido e tudo indicava que estava nessa cidade. Ela não encontrou o irmão, passou o maior sufoco, se feriu e quase morreu. Quem a salvou foi Alexander, que foi desesperado até essa cidade em busca dela. Nesse momento, ele subiu no meu conceito, só para depois cair de novo. :(

Alexander tratou a Tatiana muito bem, cuidou dela, carregou ela nas costas por vários quilômetros... foi um verdadeiro herói. 

Mas, quando a levou para casa, começou de novo a fingir que não havia nada entre eles e, para piorar, passou a dormir com Dasha. Quase surtei nessas partes! Claro que ele a Dasha não tinham um namoro inocente, mas a forma como tudo aconteceu foi o que me irritou. Os avós paternos de Tatiana tinham ido embora da cidade e com isso, o quarto deles ficou desocupado. As irmãs, que até então dormiam na sala, passaram a dormir no quarto. Mas, antes de irem dormir, Dasha pedia a irmã que ficasse um pouquinho do lado de fora para que ela e Alexander pudessem ter um pouquinho de "privacidade" no quarto. Tatiana ia para o telhado e ficava lá cansada e com frio esperando Alexander ir embora para poder dormir. 

Na minha opinião, esse era o momento para Tatiana dar um belo de um fora no tal do Alexander, mas ela sofria, sofria e nada fazia a não ser sofrer. 

O cerco começou, a família começou a sofrer com a falta de alimento e outras coisas básicas. Foi muito difícil mesmo. Muito triste e cruel o que as vítimas da guerra passam. E Alexander subiu um pouquinho mais uma vez no meu conceito porque passou a se importar com a Tatiana mais do que com qualquer outra pessoa. Ele sempre cuidava para que ela se alimentasse bem. E certa vez, quando o pai de Tatiana bateu nela por ela ter dado uma resposta malcriada, Alexander foi para cima e a defendeu, contrariando até mesmo a Dasha, que pediu para ele não se meter na briga. 

Mas, como sempre, Alexander caiu no meu conceito mais uma vez quando pediu Dasha em casamento. Eu quis matá-lo. Deu para entender que ele queria assegurar que a família ia ficar mais ou menos bem usufruindo dos direitos que ele tinha como oficial do exército. Porém, mais uma vez a Tatiana sofreu demais. E o casamento só não aconteceu porque o pai delas morreu.

Já no final do livro, quando praticamente todos da família de Tatiana já havia morrido e Dimitri estava longe na guerra quase morto também, Alexander queria terminar com Dasha, mas Tatiana não deixou. Ela sabia que o que estava mantendo a irmã viva, sem desistir de lutar, era o amor por Alexander. Ela não queria que Dasha sofresse. Ela preferia sofrer do que ver a irmã sofrendo. 

No final do livro, só restaram as duas irmãs. Os pais, avós, a prima... todos haviam morrido. 

Certa vez, Dasha viu Alexander e Tatiana conversando e percebeu tudo, percebeu que eles se amavam só pela maneira que eles se olhavam. Dasha percebeu o quanto foi cega e descobriu que o amor deles estava ali já há muito tempo. Passou a tratar mal a irmã e acusá-la, porém, não podia fazer muita coisa, pois Dasha estava muito, muito doente. E Tatiana em nenhum momento parou de cuidar dela. 

No final, quando Alexander conseguiu colocar as duas em um ônibus que transportava cargas para irem embora da cidade, Dasha, quase morrendo, conseguiu ser ainda cruel. Perguntou a Alexander se ele amava Tatiana. E ele disse que não, que nunca havia amado Tatiana. E para deixar a irmã ainda mais arrasada, depois que Alexandre as deixou partir sem nem olhar nos olhos de Tatiana, Dasha perguntou como ela havia se sentido com a declaração dele. E ainda acrescentou "Você se encolheu como se ele tivesse lhe agredido". Dá para ter raiva de alguém que está à beira da morte? 

O que Dasha queria era que Tatiana sentisse o que ela sentiu ao descobrir que não era amada. Mas Tatiana não perdeu sua generosidade e cuidou da irmã até o final, nem deixou o corpo dela largado quando finalmente Dasha morreu. Em vez disso, arrastou-a até o lago, dando um enterro mais decente que poderia dar. 

Eu acho que a Tatiana merecia mais do que as migalhas que o Alexander deu. E entendo que ela só sobreviveu por causa dele (várias vezes). Mas... não sei se vou conseguir curtir os dois no segundo livro. Vou começar a ler em breve.

Amei o livro, recomendo muito e achei Tatiana uma personagem inspiradora. Ela alimentou os famintos mesmo quando a comida para ela mesma era bem escassa, sempre tratou bem os outros, ajudou a família mesmo quando a maltratavam e colocou o bem-estar da irmã até o fim. Foi lindo. Que guerreira! 

Não conhecia a escrita da Paullina Simons, mas já virei fã da autora.

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O cavaleiro de bronze é o primeiro livro de uma trilogia. 

Leia também: O bangalô - Toda luz que não podemos ver.

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